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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Quaresma: penitência ou regime?


Qual a diferença? Durante a Quaresma a Igreja nos propõe um momento de reflexão. É o tempo para oferecermos algo que nos é importante como um sacrifício para que nos tornemos melhores cristãos. O que decidirmos oferecer deverá fazer com que, após esse tempo, tenhamos nos tornado melhores. Muitas pessoas, durante esse período, decidem não comer chocolate durante 40 dias como uma forma de “penitência” e no Domingo de Páscoa quase morrem de indigestão de tantos ovos de chocolate que consomem. Muitos dizem aproveitar essa época para fazer um “regime”, pois somente assim conseguem ficar longe dessa tentação [chocolate]. Mas vamos refletir melhor sobre qual o sentido da penitência quaresmal: fazer com que, depois desse período de abstinência, tenha ocorrido alguma mudança no seu interior. De que adianta ficar 40 dias sem comer um alimento se depois ele for consumido em dobro? O que mudou em você? Apenas a contagem regressiva para chegar ao Domingo de Páscoa e poder comer os famosos ovos de Páscoa, certo? Que tal mudarmos o foco da penitência e fazer com que uma mudança de comportamento alimentar, durante a Quaresma, traga não apenas benefícios para nossa saúde física como também para a psíquica e espiritual? Todos sabem que durante esse tempo, às sextas-feiras, devemos comer peixe, mas você já pensou em aumentar o consumo desse tipo de proteína como uma forma de penitência? Que tal colocá-lo no cardápio da família pelo menos 3 vezes durante a semana? Incrível como nos esquecemos de comer esse tipo de carne. Todas as vezes em que pergunto aos meus pacientes se eles comem carne de peixe eles respondem que até gostam, mas não têm o hábito de consumir esse alimento mais vezes na semana. Pois aqui está uma ótima oportunidade para uma mudança de comportamento alimentar e você vai notar que, após o tempo quaresmal, sentirá falta dessa importante fonte de proteína e a incluirá mais vezes no cardápio de sua casa. Dra. Gisela Savioli Nutricionista clínica, escritora Apresentadora do programa “Mais saúde” na TV Canção Nova Blog Mais Saúde

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma 2012

Por S.S. Papa Bento XVI
Pastor Universal da Igreja de Cristo





MENSAGEM DE SUA SANTIDADE
PAPA BENTO XVI
PARA A QUARESMA DE 2012

«Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos
ao amor e às boas obras» (Heb 10, 24)


Irmãos e irmãs!

A Quaresma oferece-nos a oportunidade de reflectir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.

Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus: «Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (10, 24). Esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a plena segurança da fé» (v. 22), de conservarmos firmemente «a profissão da nossa esperança» (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas obras» (v. 24). Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre actual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal.


1. «Prestemos atenção»: a responsabilidade pelo irmão.

O primeiro elemento é o convite a «prestar atenção»: o verbo grego usado é katanoein, que significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a «observar» as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e todavia são objecto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a «dar-se conta» da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão (cf. Lc 6, 41). Encontramos o referido verbo também noutro trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a «considerar Jesus» (3, 1) como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela «esfera privada». Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o facto de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo actual sofre sobretudo de falta de fraternidade: «O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo» (Carta enc. Populorum progressio, 66).

A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de «anestesia espiritual», que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com indiferença, «passam ao largo» do homem assaltado e espancado pelos salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta (cf. Lc 16, 19). Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de «prestar atenção», de olhar com amor e compaixão. O que é que impede este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre. Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende» (Prov 29, 7). Deste modo entende-se a bem-aventurança «dos que choram» (Mt 5, 4), isto é, de quantos são capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.

O facto de «prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correcção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura: «Repreende o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber» (Prov 9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado (cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a correcção fraterna – elenchein – é o mesmo que indica a missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal (cf. Ef 5, 11). A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de misericórdia a de «corrigir os que erram». É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem. Entretanto a advertência cristã nunca há-de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão. Diz o apóstolo Paulo: «Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado» (Gl 6, 1). Neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correcção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que «sete vezes cai o justo» (Prov 24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais rectamente o caminho do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de nós.


2. «Uns aos outros»: o dom da reciprocidade.

O facto de sermos o «guarda» dos outros contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de a considerar na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual. Uma sociedade como a actual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que «leva à paz e à edificação mútua» (Rm 14, 19), favorecendo o «próximo no bem, em ordem à construção da comunidade» (Rm 15, 2), sem buscar «o próprio interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos» (1 Cor 10, 33). Esta recíproca correcção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.

Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão social. Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que «os membros tenham a mesma solicitude uns para com os outros» (1 Cor 12, 25) – afirma São Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja. E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que Deus, bom e omnipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão vislumbra no outro a acção do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf. Mt 5, 16).


3. «Para nos estimularmos ao amor e às boas obras»: caminhar juntos na santidade.

Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efectivo sempre maior, «como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia» (Prov 4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf. Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.

Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de «pôr a render os talentos» que nos foram dados para bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre actual, para tendermos à «medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: «Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10).

Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.

Vaticano, 3 de Novembro de 2011



BENEDICTUS PP. XVI


© Copyright 2011 - Libreria Editrice Vaticana

domingo, 19 de fevereiro de 2012

O menino e a borboleta

Certo dia, uma criança estava a observar uma pequena abertura num casulo. Esteve olhando por muito tempo, percebendo que a pequena borboleta se esforçava, batendo as asas, para conseguir alargar o buraco e sair através da abertura.
Depois de muitas horas observando, a criança percebeu que a borboleta não havia tido grandes progressos com as tentativas, pois batia as asas contra as paredes do casulo e nada acontecia; o buraco não alargava para ela passar.
Então, o menino decidiu ajudar. Foi buscar uma tesoura e abriu o casulo cuidadosamente. A borboleta saiu, então, facilmente. Mas o seu corpo era pequeno e as asas não tinham força suficiente para se sustentar.
Continuou a observar a borboleta, esperançoso que as asas se abrissem e se esticassem prontas para o vôo. Nada aconteceu… Na verdade, a borboleta passou o resto da vida aleijada, rastejando, com o corpo murcho e asas encolhidas. Nunca seria capaz de voar.
O que a criança não compreendia, na sua vontade de ajudar, era que o casulo apertado e o esforço necessário para sair dele, seria o modo de fortalecer as asas e de torná-la apta para voar.
Conclusão: A graça de Deus nunca falta. Falta, porém, a nossa parte. Falta o esforço para nos tornarmos mais fortes e mais capazes de levantar vôo rumo à prática da virtude e à santidade

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Perguntas que todos fazem

Por que tantos sofrimentos neste mundo? Como explicar porque a Providência divina permite tantos dissabores e Deus não intervém logo e afasta tantos padecimentos?

O sofrimento faz parte da nossa existência na Terra. Ao observar a realidade humana vemos tantos problemas, doenças, desentendimentos, inveja, pobreza, calamidades climáticas etc.
Então pergunta-se: porque tantos sofrimentos neste mundo? Porque se dão tantos acontecimentos ruins? Como explicar porque a Providência divina permite tantos dissabores e Deus não intervém logo e afasta tantos padecimentos?
O sofrimento entrou no mundo por causa do pecado. O primeiro plano de Deus para o homem era sem o sofrimento. As pessoas viveriam num paraíso e, dependendo de seu amor a Deus, iriam mais ou menos rápido para o Céu, sem passar pela morte. E no Céu desfrutariam a mais completa felicidade de corpo e de alma.
Mas o pecado de Adão e Eva cortou esse plano. Retirando as graças especiais que havia concedido, Deus estabeleceu um novo plano: aquele desejo de felicidade completa realizar-se-á, mas só no Céu; o homem deixou de viver num paraíso, e terá de habitar a Terra (vale de lágrimas), por um certo tempo, para adquirir méritos que lhe permitam ir ao Céu, após a morte, à qual ficou sujeito.
Como adquirir esses méritos? Esforçando-se (ou seja, sofrendo) para conhecer a verdade, o bem e o belo, bem como para conseguir os bens de sua sobrevivência; lutando contra a péssima inclinação para o mal, que o pecado original deixou em nossa  alma; lutando contra as adversidades da natureza, e ainda contra àqueles que cedem às tentações (do mundo, do demônio e da carne) e formam o chamado “partido dos filhos das trevas” que atuam no sentido de transformar a terra num lugar de perdição do maior número de pessoas.
Cada um pode comprovar, em si mesmo, a existência dessa inclinação para o mal: é mais fácil ser mau do que bom; é mais difícil trabalhar do que ceder à preguiça; mais fácil ser ladrão do que honesto; mentir do que dizer sempre a verdade…  A tal ponto é difícil lutar contra essas más inclinações, que o Catecismo nos ensina que, sem ajuda da graça, não pode o homem perseverar longo tempo sem pecar.
Precisamente, o mérito do homem, que o habilita a ir para o Céu, consiste em lutar contra essas más inclinações e vencê-las. Ou seja, em sofrer.
Assim sendo, uma pessoa que não tiver provações, dificuldades, contrariedades, não conseguirá adquirir méritos. Deus dará a cada pessoa um grau de felicidade perfeita conforme ela lutou, sofreu e batalhou para conhecer, amar, praticar o bem e combater o mal. Com a circunstância de que as penas e contrariedades desta vida são passageiras, enquanto o Céu é eterno. Uma pessoa pode permanecer  80 anos nesta vida, enfrentando todo tipo de mal, mas se o fizer com a resignação e fortaleza que Deus pediu, vai ser recompensada no Céu, para sempre.
Deus permite o sofrimento porque há um motivo sério e lógico para tal. Não o faz por vingança, nem deixa que algo nos falte, devido a desinteresse por nós. Isso não seria lógico, e admiti-lo implicaria negar a perfeição de Deus. Pois, abolindo-se esta visão católica da finalidade do homem na Terra, resta-nos um mundo em que sofremos sem entender o motivo; em que procuramos o prazer, mas não o encontramos senão fugaz e decepcionante. No fundo, torna-se um local de frustração, porque não iremos encontrar a única que realmente tem valor aqui na terra: participação incoativa na bem-aventurança eterna.
Nosso Senhor Jesus Cristo foi o maior exemplo de sofrimentos. Padeceu na Cruz, sendo humilhado até o fim por seus algozes
Se nesta vida devemos adquirir méritos de tanto valor para a eternidade, eliminar a capacidade de obtê-los seria um mal, e não um bem. Obviamente, Deus conhece nossas capacidades, e nunca vai nos enviar um sofrimento superior ao que conseguiríamos suportar. Mas tais sofrimentos, Ele quer que os suportemos de forma digna, decidida. Exemplo frisante de confiança e resignação em face dos sofrimentos é de Jó, um santo do Antigo Testamento.
Esse segundo plano de Deus tem ainda algo maravilhoso: é a possibilidade de uns, por meio das orações de sofrimentos, adquirir méritos para os outros. Quer dizer, por um admirável jogo da graça, podemos conseguir para outros aquilo que eles normalmente não conseguiram para si mesmos. E podemos consegui-lo para esta vida e para a vida eterna.
Podemos realizar boas ações, pedindo a Deus uma graça, uma consolação, uma ajuda nesta vida para alguma pessoa a quem se quer bem. Em relação à outra vida, podemos pedir pela libertação das almas do purgatório.
Neste sentido, uma pessoa que carrega muitos sofrimentos é o verdadeiro rico, pois tem a riqueza dos méritos, podendo distribuí-los pela chamada Comunhão dos Santos. E uma pessoa que só tem os prazeres passageiros que a vida oferece é, pelo contrário, um verdadeiro pobre, que no dia do Juízo Particular não terá nada, ou quase nada para apresentar como mérito. Santo Afonso de Ligório, assistido na morte por Nossa Senhora, foi verdadeiramente rico na hora do Juízo Particular, devido às virtudes heróicas que praticou em vida.
As maiores alegrias resultam do sofrimento
No alto da Cruz, tendo cumprido sua missão e redimido o gênero humano, Nosso Senhor alcançou o auge da felicidade. Ele tinha completado tudo que foi chamado a realizar, e pode dizer: “Consummatum est!” (Tudo está consumado, Jo 19,30). Deus, que poderia ter dado uma simples gota de seu sangue para operar a Redenção, desejou dar tudo, absolutamente tudo.
A Santíssima Virgem esteve sempre ao lado de seu Filho, e a Igreja, tão apropriadamente, a chama “Mãe sofredora”.  Ela desejou e permitiu a morte de seu divino Filho pelos pecados dos homens, sofreu com Ele e por Ele, por homens indiferentes ou cúmplices da crucifixão, aos quais Ele havia feito apenas o bem.
Não há área de atividade humana em que a alegria de realizar algo não esteja na proporção de sua dificuldade. No que diz respeito à virtude, o mesmo se dá com a alegria de ter cumprido o dever, amando e vendo-se amado por Deus.
A felicidade só é alcançada quando o homem, que tem um desejo crescente de felicidade, encontra para saciá-lo o Ser infinito, que é Deus. E isto pode se dar já aqui na vida terrena, desde que a pessoa pratique a virtude, o que se dá sempre, de uma forma ou de outra, por meio do sofrimento. Mas que, nesse caso, tem por cima a graça de Deus, obtidas por meio de Nossa Senhora, a Causa de nossa alegria (Causa nostrae laetitiae).

Fonte: Vocacionados Menores