Terremoto e tsunami matam mais de 300 no Japão
Por Chisa Fujioka e
Elaine Lies
TÓQUIO, 11 de março
(Reuters) - O maior terremoto já ocorrido no Japão em 140 anos de medições
atingiu na tarde desta sexta-feira (madrugada no Brasil) a costa nordeste do
arquipélago, provocando uma onda de dez metros de altura que varreu tudo em seu
caminho, incluindo casas, navios, carros e estruturas agrícolas.
Cerca de 300 corpos
foram encontrados na cidade costeira de Sendai, no nordeste do país, segundo a
emissora de TV NHK. Aparentemente, as pessoas morreram afogadas. A dimensão dos
danos ao longo de uma extensa faixa costeira indica que o número de mortos pode
aumentar significativamente.
Centenas estão desaparecidas.
A Cruz Vermelha disse
em Genebra que a parede de água é mais alta do que algumas ilhas do Pacífico, e
um alerta de tsunami foi emitido para toda a bacia do oceano, com exceção do
Canadá e da parte continental dos Estados Unidos.
A Indonésia, o Estado
norte-americano do Havaí e as Filipinas, entre outros, determinaram a
desocupação de áreas costeiras.
Países da região como
Taiwan, Austrália e Nova Zelândia, no entanto, já suspenderam o alerta.
Por causa do tsunami,
a população japonesa foi orientada a fugir de áreas costeiras para terrenos
mais elevados.
Foram registrados
incêndios em pelo menos 80 lugares, segundo a agência de notícias Kyodo. A
Kyodo também informou que uma embarcação com cem pessoas naufragou por causa do
tsunami.
Cerca de 3 mil
pessoas que moram perto de uma usina nuclear na localidade de Fukushima foram
orientadas a deixar suas casas, mas o governo afirmou que não há riso de
vazamento. Segundo as autoridades, a remoção da população da área era uma
precaução por causa do mau funcionamento do equipamento de resfriamento do
reator.
'Eu fiquei apavorado
e ainda estou com medo', disse Hidekatsu Hata, 36 anos, gerente de um
restaurante no bairro de Akasaka, em Tóquio. 'Eu nunca vivi um terremoto dessa
magnitude antes.'
O primeiro-ministro
Naoto Kan disse a políticos que eles precisam 'salvar o país' após o desastre,
que segundo ele causou danos profundos em toda a faixa norte do país.
O tremor dividiu uma
rodovia perto de Tóquio e derrubou vários prédios no nordeste japonês. Um trem
estava desaparecido na região litorânea atingida pelo tsunami.
Um navio que levava
100 pessoas foi levado pelo tsunami, de acordo com a agência Kyodo, e imagens
de TV mostraram a força da água, escurecida pelos destroços, carregando casas e
carros e levando embarcações do mar para a terra.
Algumas usinas
nucleares e refinarias de petróleo foram paralisadas, e havia fogo em uma
refinaria e numa grande siderúrgica.
O governo do Japão
afirmou que um sistema de resfriamento da usina nuclear Fukushima Daiichi, da
Tokyo Electric Power, não está funcionando após o terremoto. Os trabalhos para
reparar o problema já foram iniciados.
O governo declarou
situação de emergência como precaução, mas não há vazamento radioativo e não
era esperado por ora algum problema decorrente da falha no sistema, afirmou o
secretário da chefia de gabinete, Yukio Edano, a jornalistas.
Cerca de 4,4 milhões
de imóveis ficaram sem energia no norte do Japão, segundo a imprensa. Um hotel
desabou na cidade de Sendai, e há temores de que haja soterrados.
A gigante eletrônica
Sony, um dos maiores exportadores do país, fechou seis fábricas, informou a
Kyodo. Jatos da Força Aérea foram deslocados para a costa nordeste para
determinar a extensão dos danos.
O Banco do Japão
(Banco Central) prometeu medidas para assegurar a estabilidade do mercado
financeiro, mas o iene e as ações de empresas japonesas registraram queda.
MAR E FOGO
Filipinas, Taiwan e
Indonésia emitiram alertas de tsunami, reavivando a lembrança do gigantesco
maremoto que atingiu a Ásia em dezembro de 2004. O Centro de Alerta de Tsunamis
do Pacífico advertiu sobre riscos em países tão distantes quanto Colômbia,
Chile e Peru, no outro lado do Pacífico.
O terremoto no Japão
foi o quinto mais forte do mundo no último século.
Houve vários tremores
secundários após o terremoto principal. Em Tóquio, os edifícios sacudiram
violentamente. Uma refinaria de petróleo perto da cidade estava em chamas, com
dezenas de tanques de armazenamento sob ameaça.
Impressionantes
imagens de TV mostraram o tsunami carregando destroços e incêndios em uma
grande faixa litorânea perto da cidade de Sendai, que tem cerca de 1 milhão de
habitantes. Navios foram erguidos do mar e jogados no cais, onde ficaram caídos
de lado.
Sendai fica a 300
quilômetros de Tóquio, e o epicentro do tremor, no mar, não fica muito distante
dessa região.
A emissora NHK
mostrou chamas e colunas de fumaça negra saindo de um prédio em Odaiba, um
subúrbio de Tóquio, e trens-balas que seguiam para o norte do país parados.
Fumaça escura também
encobria uma região industrial em Yokohama. A TV mostrou moradores da cidade
correndo para deixar prédios atingidos pelo tremor, protegendo as cabeças com
as mãos enquanto destroços caiam sobre elas.
'O prédio sacudiu por
bastante tempo e muitas pessoas na redação pegaram seus capacetes e se
esconderam debaixo da mesa', disse a correspondente da Reuters em Tóquio Linda
Sieg.
'Isso foi
provavelmente o pior que eu já vivi desde que vim morar no Japão há mais de 20
anos'
O tremor aconteceu
pouco antes do fechamento do mercado em Tóquio, derrubando o índice Nikkei para
a cotação mais baixa em cinco semanas. O desastre também prejudicou mercados em
outras partes do mundo.
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